segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dias de trevas

Hoje é mais um dia em que sobrevivi,  acordei meio amargo por que sonhei que tudo tinha sido apenas um pesadelo, e quando sai lá fora vi que continua sendo.  O que me deixou um pouco animado é que hoje cedo quando sai da caverna percebi que estava fazendo um friozinho, achei meio estranho, por que desde de as grandes explosões o clima estava sempre abafado, acho que o planeta pode esta se reestruturando aos poucos  passados 3 anos dos  grandes acontecimentos. Mas mesmo assim ao olhar para o horizonte, olhar tudo em volta, e ver tudo tão acabado, olhar e não ver uma única árvore, um único fio de grama, minha alma se perturba e acabo por pensar:
“ Malditos... eles conseguiram...!”
Voltei para dentro da caverna não dava para saber que horas eram ao certo, por que depois dos cataclismos “naturais”, provocados pela  burrice do homem, o tempo ficou inconstante, os pólos se moveram a própria rotação e posição da terra foram alterados. Nós os sobreviventes não temos muita idéia de hora, dia e noite, eu minha família e amigos nos baseamos em um  relógio de cordas que eu por acaso guardava como antiguidade.
Mas bem, entrei e pelo que o relógio indicava eram sete horas da manha, chamei a todos para que pudéssemos fazer uma oração para agradecer-mos  por mais aquele dia, era costume nosso, depois eu meu pai, meu irmão e mais dois amigos,  saímos para caçar depois de comer alguma coisa improvisada, os demais ficaram na caverna, alguns em torno dela catando alguns galhos para ascender uma fogueira.
Eu e os que estavam comigo estava-mos na caça, eu e meu pai levava-mos conosco pistolas, só nós dois tinha-mos armas por sermos os lideres do grupo, os outros tinham como armas apenas, facas, lanças e facões.  Enquanto passava-mos na margem de um lago, vimos na outra margem do outro lado um grupo de pessoas,  um clima tenso se fez, tanto eles quanto nós ficamos todos desavontades e apreensivos. Eu não estava a fim de gastar munição, então resolvi fazer contato e gritei para eles:
_ Opa... tudo bem ai, de onde vocês são?
Um homem magro, auto e com feição de sofrido respondeu:
_ Nós estamos  vindo do leste, tivemos que deixar nosso abrigo lá, aquela região foi tomada por meliantes, um grupo  de homens sanguinários que saqueiam os que ainda tem alguma coisa.
_ Ah, entendi, boa sorte então na caminhada de vocês, vão em paz.
Disse eu a eles, eles agradeceram e continuaram a caminhada sabe-se lá para onde pois em toda terra só havia destroços, resquícios  do que um dia já foi .  Minha alma se entristeceu quando percebi  algumas crianças nesse grupo, as coitadinhas estavam magras, esfarrapadas e sujas  mas eu não podia chamar eles pra nosso abrigo, em épocas como essas é cada um por si. 
Continuamos  concentrados em nossa caça e minutos depois tivemos a sorte de encontrar  uma cobra,e um solitário gato do mato, já dava pra quebrar um galhão, assim que estava-mos com a caça em mãos tratamos de voltar o mais rápido possível para casa, coisa de quarenta minutos de caminhada. Na volta eu pensava comigo se aquele grupo de pessoas tiveram sorte de encontrar alguma coisa para se alimentarem, algum abrigo em fim.
Já era tardezinha quando chegamos  na caverna, o fogo já estava aceso   e todos estavam em volta, minha alma se contritou quando eu olhei as feições de todos que estavam ali, por um minuto viajei, voltei anos no tempo, quando estava eu e minha família em nosso humilde mas aconchegante lar, lembrei de momentos felizes que em vez de me darem  algum alento me deixaram  mais triste. È que quando percebi a amargura, tristeza e falta de perspectiva nos olhares de todos daquela caverna eu pude sentir em mim a aflição de cada um, foi quando prometi para mim mesmo que lutaria até o fim por todos.
A noite chegou, e cada um estava em seu cantinho, todos calados e compenetrados em seus próprios pensamentos, era como se eles estivem em outro lugar, e na verdade, era o que todos nós ali desejava-mos. Eu estou aqui no meu canto também, tentando crer em dias melhores, preciso ser forte por minha família e amigos que compõe esse grupo que já estão cansados de migrar de abrigo em abrigo caverna e caverna, e pensar que já passamos tantas coisas juntos, alias antes de tudo isso acontecer eu nunca vi tamanha união e disciplina. Infelizmente é assim, alias teve que ser assim, foi só em tempos como esses que eu pude ver a verdadeira união entre os homens e mesmo assim ah ainda quem possa ser mal, talvez isso tivesse que acontecer mesmo para que os que sobrevivessem não esquecem dos motivos que levaram  a esses resultados. Talvez agora, se o mundo tiver uma segunda chance, as coisas sejam feitas da forma correta e que essas conseqüências nos sirvam de lição, tomara, espero mesmo, mas não sei, não sei se o mundo um dia voltara a brotar novas oportunidades e florir novas esperanças. Até que temos resistido bem, temos encontrados muitas pessoas em nossa caminhada, encontramos ainda algumas dezenas de grupos, pessoas vindas de lugar nem um indo para lugar algum. Desejo mesmo do fundo de minha alma que essa lição que nos foi dada seja aprendida e entendida por nós e que possamos fazer tudo diferente. Hoje mesmo de manha, tivemos contado com outro grupo de uma região bem próxima daqui, eles nos disseram que um grupo de saqueadores sanguinários estava se encaminhado para cá, isso quer dizer que hoje mesmo, no máximo amanha vamos ter que pegar nossas coisas e partir, de novo!
Mas em fim, não há muito o que possa ser feito, logo mais vou chamar os homens do grupo para tomarmos a decisão de quando e para que região irmos, espero que possamos resistir  esses tempos vindouros, e possamos sobreviver, mas quer saber? Na real eu invejo os que já partiram dessa para melhor pois eles nada vêem, nada sofrem, já encontraram seu descanso, porem até aqui ainda vivo e preciso ser forte por mim e pelos demais, até aqui ainda tenho esperanças. Não sei se essa história vai ter um final feliz, se tiver vocês não saberão até por que já estou no restinho do meu lápis e não tenho mais papel para registrar mais nada, isso foi apenas o que restou.

Sub

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