Não um poeta
da perfeição, não sou perfeito, mas um poeta da realidade, da simplicidade, da
verdade, ou da inverdade da ficção, não chega a ser pecado, Deus que me perdoe,
me lapide e me aperfeiçoe. Sou capaz de transformar minha dor em poesia, pela
graça divina, não que seja justo, porque indigno sou. Meu amor é meu algoz e minha
felicidade, meu prazer e meu desprazer, meu Deus o que fazer?! Constantemente
me vejo “possesso” da poesia, ela vem e me toma, naufraga minha alma em densos
pensamentos e sentimentos. Não um poeta da perfeição, porém tão imperfeito e consciente
disso que chega a ser “perfeito”, ao menos na poesia antibiótica, veneno contra
a dor, antídoto contra o vírus do desamor. Não um poeta santo, como quem dizem
ser, apenas um pecador, aquele que peca e se contrita ao perdão, no apelo, na petição,
o poeta feliz com sua infelicidade, não conformado com inconformidades
padronizadas, que nadam significa, em nada edificam. Não um poeta mundano, não
desse aqui, mas de um mundo que é o meu, mas ainda não o adquiri, não tive acesso
em fim, contento-me descontentado ao menos com a poesia que vem de lá, que me
toma por possesso, me torna apenas um poeta.
Sóstenes Nunes
Nenhum comentário:
Postar um comentário