quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Das palavras


                                           
Não um poeta da perfeição, não sou perfeito, mas um poeta da realidade, da simplicidade, da verdade, ou da inverdade da ficção, não chega a ser pecado, Deus que me perdoe, me lapide e me aperfeiçoe. Sou capaz de transformar minha dor em poesia, pela graça divina, não que seja justo, porque indigno sou. Meu amor é meu algoz e minha felicidade, meu prazer e meu desprazer, meu Deus o que fazer?! Constantemente me vejo “possesso” da poesia, ela vem e me toma, naufraga minha alma em densos pensamentos e sentimentos. Não um poeta da perfeição, porém tão imperfeito e consciente disso que chega a ser “perfeito”, ao menos na poesia antibiótica, veneno contra a dor, antídoto contra o vírus do desamor. Não um poeta santo, como quem dizem ser, apenas um pecador, aquele que peca e se contrita ao perdão, no apelo, na petição, o poeta feliz com sua infelicidade, não conformado com inconformidades padronizadas, que nadam significa, em nada edificam. Não um poeta mundano, não desse aqui, mas de um mundo que é o meu, mas ainda não o adquiri, não tive acesso em fim, contento-me descontentado ao menos com a poesia que vem de lá, que me toma por possesso, me torna apenas um poeta. 

Sóstenes Nunes

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