A beleza, pura, natural e potencial. É claro que o que é
belo para um pode não ser belo para o outro, e vice versa, mas com o tempo
percebi que existe uma beleza que pode ser classificada como “genérica”, uma
que tem poder de agradar apenas aos olhos minuciosos.
Com isso eu
quis dizer que não tem nada a ver com essa tal beleza atual, onde são expostas
milhares de mulheres com um mesmo padrão de corpo e poses, não, não refiro a
essa beleza robotizada e padronizada.
A beleza
potencial da qual estou falando é algo que transcende a carne, o físico, e
sendo um tanto radical, o epitélio. É cego quem enxerga apenas o que pode
instigar a libido, não que seja errado, afinal, somos feitos de “emoções”, mas
se pararmos para sentir mais profundamente, a beleza se transforma, ou pode até
perder sua forma antes nossos olhos.
É algo que
chega a ser metafísico, ou até mesmo holístico, que os olhos ao ver, digo mais,
ao enxergar, chega a ser perturbada a alma, os sentidos, ao
ponto de serem provocados “sentimentos” ou sensações
difíceis de serem classificadas. A beleza potencial, em cada traço, em cada
centímetro de sua manifestação faz-se por si só sem auxilio de indumentárias.
É completa, é
tão o que ela é em si mesma que proporciona impulsos de idolatria, de
exultação, e a visão de ser vista pelos olhos minuciosos, pelo observador
pormenorizado faz surgir do âmago do observador a “servidão” de
servir a doce e poética admiração.
Ditas essas
coisas o assunto encaminha-se para “aplicativos”, o que compõe, mas que não se
separa do todo. A começar pelos olhos, antro de poder, “lugar de possessão”,
portal para mundos e possibilidades mil, quanto mais se olha para olhos como
este mais se imagina. Surgem à insanidade, os impulsos culposos que levam aos
“dolosos”. Eu como criador de “patologias” de beleza, como poeta e filosofo dos
sentidos busco no mais profundo a lógica para o que não tem lógica, ou
“abstratíso”, por assim dizer, a lógica dos sentidos. Enlouqueço na busca por
ser louco, por que sendo normal não se enxerga uma beleza não normal, não
superficial.
Se é que poder
ser entendido, que pode ser descrito! Mas é que parecem mundos, tanto o próprio
glóbulo, seguido da retina, dos mínimos e bem
de suor e a cada turbilhão de palavras ditas em gemidos,
ditas sem serem proferidas. É exatamente dessa forma, sabemos que sabemos, mas
não sabemos traduzir, talvez isso de uma ideia do todo que significa o fenômeno
desse olhar como aplicativo do conjunto inseparável da beleza potencial.
Acontece que
não é só isso, até por que ela é potencial, um dom, uma dádiva, e em se
tratando de atributo se auto renova a cada dia, logo vem à tona a extensão do
prazer ao toque, os lábios.
O beijo
mobiliza cerca de trinta músculos da face, podendo fazer o coração
chegar a cento e cinquenta batimentos por minuto, ativa a
circulação sanguínea, aumenta a oxigenação nas células, estimula a produção de
hormônios entre outras coisas.
Mas os lábios
do conjunto de aplicativos da beleza potencial vão além de todas essas
ebulições biológicas, é toda uma extensão, como já foi dito, de caminhos
intermináveis. O sabor ao toque, não sabor que delicia o paladar apenas, é o
sabor que delicia a alma e faz enamorar o espírito. O passear das bocas, o
calor e a saliva, o hálito, mas bem, estamos falando aqui do visual, o tato em
questão é apenas para substancializar a imagem deles. A boca, os traços dos
lábios sem nada acrescentado, umedecidos apenas pela saliva, ou em ranhuras, ou
rachadurinhas como mapa do prazer provável.
Sem maquiagem,
sem improvisos e sem apetrechos, a pele nua e crua, é assim que manifesta-se a
beleza
potencial, a beleza incomum e não tão fácil assim
detectável. Ao olhar e observar a face, o fardo, a energia na vibração proposta
para que fosse feito aquela forma, tal qual como diria Einstein.
Uma beleza que
se banha da própria beleza para que venha a ser bela, e digo de novo, nua e
crua, bela pelo poder de ser bela, esparge o belo aos olhos do observador
pormenorizado, que colide em seus olhos e enxerga o que é de fato, financiado e
patrocinado pelo próprio poder de ser perfeito em sua forma imperfeita de ser.
A beleza potencial, nua e crua, que só pode ser belo ao olhar genérico, tanto
por que ela é bela si, em plenitude, quanto pelos olhos de quem tem o dom de
ver.
Subjett
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