terça-feira, 12 de novembro de 2013

Nua e crua



A beleza, pura, natural e potencial. É claro que o que é belo para um pode não ser belo para o outro, e vice versa, mas com o tempo percebi que existe uma beleza que pode ser classificada como “genérica”, uma que tem poder de agradar apenas aos olhos minuciosos.
      Com isso eu quis dizer que não tem nada a ver com essa tal beleza atual, onde são expostas milhares de mulheres com um mesmo padrão de corpo e poses, não, não refiro a essa beleza robotizada e padronizada.
     A beleza potencial da qual estou falando é algo que transcende a carne, o físico, e sendo um tanto radical, o epitélio. É cego quem enxerga apenas o que pode instigar a libido, não que seja errado, afinal, somos feitos de “emoções”, mas se pararmos para sentir mais profundamente, a beleza se transforma, ou pode até perder sua forma antes nossos olhos.
     É algo que chega a ser metafísico, ou até mesmo holístico, que os olhos ao ver, digo mais, ao enxergar, chega a ser perturbada a alma, os sentidos, ao
ponto de serem provocados “sentimentos” ou sensações difíceis de serem classificadas. A beleza potencial, em cada traço, em cada centímetro de sua manifestação faz-se por si só sem auxilio de indumentárias.
     É completa, é tão o que ela é em si mesma que proporciona impulsos de idolatria, de exultação, e a visão de ser vista pelos olhos minuciosos, pelo observador pormenorizado faz surgir do âmago do observador a “servidão” de
servir a doce e poética admiração.
      Ditas essas coisas o assunto encaminha-se para “aplicativos”, o que compõe, mas que não se separa do todo. A começar pelos olhos, antro de poder, “lugar de possessão”, portal para mundos e possibilidades mil, quanto mais se olha para olhos como este mais se imagina. Surgem à insanidade, os impulsos culposos que levam aos “dolosos”. Eu como criador de “patologias” de beleza, como poeta e filosofo dos sentidos busco no mais profundo a lógica para o que não tem lógica, ou “abstratíso”, por assim dizer, a lógica dos sentidos. Enlouqueço na busca por ser louco, por que sendo normal não se enxerga uma beleza não normal, não superficial.
     Se é que poder ser entendido, que pode ser descrito! Mas é que parecem mundos, tanto o próprio glóbulo, seguido da retina, dos mínimos e bem
de suor e a cada turbilhão de palavras ditas em gemidos, ditas sem serem proferidas. É exatamente dessa forma, sabemos que sabemos, mas não sabemos traduzir, talvez isso de uma ideia do todo que significa o fenômeno desse olhar como aplicativo do conjunto inseparável da beleza potencial.
     Acontece que não é só isso, até por que ela é potencial, um dom, uma dádiva, e em se tratando de atributo se auto renova a cada dia, logo vem à tona a extensão do prazer ao toque, os lábios.
     O beijo mobiliza cerca de trinta músculos da face, podendo fazer o coração
chegar a cento e cinquenta batimentos por minuto, ativa a circulação sanguínea, aumenta a oxigenação nas células, estimula a produção de hormônios entre outras coisas.
     Mas os lábios do conjunto de aplicativos da beleza potencial vão além de todas essas ebulições biológicas, é toda uma extensão, como já foi dito, de caminhos intermináveis. O sabor ao toque, não sabor que delicia o paladar apenas, é o sabor que delicia a alma e faz enamorar o espírito. O passear das bocas, o calor e a saliva, o hálito, mas bem, estamos falando aqui do visual, o tato em questão é apenas para substancializar a imagem deles. A boca, os traços dos lábios sem nada acrescentado, umedecidos apenas pela saliva, ou em ranhuras, ou rachadurinhas como mapa do prazer provável.
    Sem maquiagem, sem improvisos e sem apetrechos, a pele nua e crua, é assim que manifesta-se a beleza
potencial, a beleza incomum e não tão fácil assim detectável. Ao olhar e observar a face, o fardo, a energia na vibração proposta para que fosse feito aquela forma, tal qual como diria Einstein.
     Uma beleza que se banha da própria beleza para que venha a ser bela, e digo de novo, nua e crua, bela pelo poder de ser bela, esparge o belo aos olhos do observador pormenorizado, que colide em seus olhos e enxerga o que é de fato, financiado e patrocinado pelo próprio poder de ser perfeito em sua forma imperfeita de ser. A beleza potencial, nua e crua, que só pode ser belo ao olhar genérico, tanto por que ela é bela si, em plenitude, quanto pelos olhos de quem tem o dom de ver.

Subjett


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