terça-feira, 5 de novembro de 2019

Perdido


No lugar onde antes haviam asas agora se encontravam feridas, feridas que já nem sangrava mais por fora, pior ainda, sangrava por dentro, que é quando a ferida mais doe.

Caído, sem forças de alçar voo, ele não acreditava mais que voltaria para sua estrela, para o mundo onde outrora fora  sua fonte de vida, sua fonte de poder ser e existir.

Olhando para cima conseguia apenas ver ao longe o lugar que um dia fora seu lar, apenas lembranças de sentimentos e momentos que foram tão bons, mas que agora se tornaram enfermidade para sua alma.

Sendo quem era, vindo de onde veio, ele sabia muitos segredos, mas nem tudo, nem tudo tinha sido levado ao seu conhecimento, os mistérios do inverso são infinitos e é ai que tá graça, o regozijo da descoberta.

Era exatamente isso que ele iria descobrir, ele não sabia que sua capacidade de voar vinha apenas de suas asas, mas sim do fato de querer voar e se permitir, consentir e acreditar no voo.

Ele acabara de cair, mas sentia como que já tivesse sido há muito tempo, sua mente ainda confusa e sua alma perdida no mar de tentos sentimentos e sensações. Talvez fosse o fato de que, em sua realidade, ele não estava a mercê do tempo, sua existência estava acima do tempo e espaço.

Sóstenes Nunes

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